Homossexualidade e alienação


Homossexualidade e alienação

Ricardo Líper*


A homossexualidade masculina foi reprimida porque não procria.
As sociedades que foram influenciadas pela cultura judaica, no mundo moderno, proibiram a relação sexual entre dois homens.


A razão primordial era sem dúvida o fato de que não contribuíam para o aumento da população. A Bíblia proíbe igualmente relações com animais e consigo próprio, isto é, a masturbação. Todas não são procriativas. Assim como proíbem comportamentos anti-familiares. O que se quer é que quem produza a criança se responsabilize pela educação. O estado antigo queria o homem para a guerra e para o pastoreio, adulto. Atualmente, para ser a mão-de-obra ativa ou de reserva.


Assim sendo decretaram que o único ato sexual natural era o que relacionava homem com mulher. Isto tem fundamento no fato de que essa forma de sexo visa a reprodução. Só se entendia sexo real o entre homem e mulher. Todas as outras formas ou variações do prazer sexual era um sexo ou inferior ou anormal.


O curioso é que todas as pesquisas sobre a sexualidade partem também desse pressuposto religioso. É, por isso, que Freud e Reich, por exemplo, acham inferior e infantil o sexo entre homens. O homem é um animal muito evoluído, dotado de consciência. Não tem cio. O nosso córtex cerebral nos permite e nos incentiva gozar com quase tudo.


Por exemplo, qualquer rapaz que masturbe um amigo ou colega ao mesmo tempo que ele lhe devolve a gentileza, sentirá muito prazer. Se ambos ajeitarem, lubrificando os respectivos pênis, nas respectivas coxas, fazendo dos testículos um receptáculo para os membros, sentirão um profundo prazer, atingindo o orgasmo. Quem diz que não “gosta” está sendo hipócrita. Principalmente se ambos se sentem atraídos pela beleza que todos os homens admiram, furtivamente e cheios de desculpas, em alguns homens.


Vamos deixar de hipocrisia... Quem recusaria uma felação feita por Leonardo Di Caprio ou qualquer garoto bonitinho e dengoso. Mas essa forma de sexo sofreu uma brutal repressão. Era comum na Grécia Antiga que era um povo muito mais inteligente do que nós e sabia gozar a vida. Foi proibida na nossa sociedade. Ora ocorreu então uma alienação. Como o único sexo considerado normal e decente era o entre homem e mulher toda a forma de sexo que não fosse assim seria anormal e imitativa.


Como conseqüência, mesmo sendo dois homens em busca do orgasmo, um deveria ser “mulher”. Então a burrice associada à má fé geraram esse pensamento simplista de que se um homem deseja outro é porque um é feminino em alguma parte misteriosa de seu ser. Essa mentalidade liquidou também as pesquisas que se diziam científicas sobre a homossexualidade masculina. Claro que não existe mulher alguma. São dois machos, o tempo todo, mesmo quando um enfia o membro ereto no ânus do outro. Não passa de uma forma de sentirem prazer entre várias posições possíveis nessa busca de prazer.
O membro masculino não é uma varinha mágica que ao penetrar outro homem o transforma em mulher automaticamente...


O curioso é que essa visão de um sexo inferior e imitativo ou substitutivo (faz-se com homem quando não se acha mulher) alienou alguns homossexuais que passaram a se acreditar mulher ou meio mulher até mesmo sendo ativos na relação.
Nunca foi sexo substitutivo de nada. É outra hipocrisia. Em prisões e agrupamentos masculinos a sacanagem corre solta pelo desejo de gozar entre eles. O resto é desculpa. Não é por não se ter comida que se come pedra. Vamos deixar também de besteira. Tudo não passa de desculpas para cair em um sexo que é de fato gostosíssimo. Vamos deixar de hipocrisia...


A efeminação de alguns gays é resultado, em parte, dessa visão alienante do sexo entre homens. Sexo entre iguais. Com a repressão e a insistência de que o sexo único real e existente, de fato, era o heterossexual, alguns gays alienam-se e se acreditam mulher.
Hoje existe uma reação geral de muitos gays a isso. Cada vez é mais raro aquele gay afetadíssimo apaixonado por um “homem” . Existem ainda, muitas vezes incentivados pelos meios de comunicação. Como também índios e negros mostrados os estereótipos para aumentar a discriminação e alienação. Destacam-se muito os negros marginais ou engraçados, embriagados, sub-empregados.


Negros inteligentes, em profissões que não sejam artísticas, têm pouco espaço nos meios de comunicação. Da mesma maneira, gays que não se destacam pelo bizarro, não interessam aos meios de comunicação. Ao contrário, prejudicam até as intenções, que são alienar e desmoralizar toda forma de sexo que não seja a obrigatória heterossexualidade.


Ricardo Líper é Professor de Filosofia na Universidade Federal da Bahia.